Número de acidentes em ferrovias brasileiras é alto

16/05/2010 13:06

2010-04-23 18:36

 Crianças brincando com o perigo. Pessoas obrigadas a passar por baixo de vagões que cortam cidades e áreas povoadas. É a realidade em alguns trechos de ferrovias brasileiras. Os acidentes são frequentes. 

 Os trens que cortam o Nordeste seguem sempre carregados. Mas ao cruzar cidades e vilarejos, os vagões não levam só mercadoria. Levam o perigo também.

 O trem anuncia o perigo, mas a criança ignora o risco. O comboio - com toneladas de produtos inflamáveis - cruza o vilarejo no quintal das casas. Mateus Lima estava brincando nos trilhos e não viu a locomotiva. Foi há três anos e nunca superou o trauma.

 “No dia que eu vi o trem passando por cima dos meus pés foi muito difícil”, lembra o estudante.

 “Eu escutei um grito dele lá na linha, chamando meu nome”, recorda a dona de casa Maria das Dores Lima.

 O trem mudou o destino de Solaio Silva Pires.

 “Muitos planos que eu tinha para o futuro, se acabaram”, diz o estudante.

 O número de acidentes nas ferrovias brasileiras surpreende. Foram 170 só este ano - segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres. Foram 46 na Transnordestina, a ferrovia que cruza sete estados – desde o Maranhão até Alagoas. A maioria dos acidentes acontece durante as manobras do trem. Nesta região, por exemplo, várias ruas foram bloqueadas para o serviço de carga e descarga dos vagões.

 A locomotiva carregada de combustível divide a cidade ao meio. Os 56 mil habitantes de Coroatá – no leste do Maranhão - têm que se arriscar por baixo e por cima de vagões.

 “As pessoas ficam querendo atravessar e não conseguem”, argumenta a professora Benedita Gama.

 O perigo é ainda maior à noite. O trem cruza a Rodovia 222 no meio da escuridão. O filho de Dona Benedita viajava de moto e morreu no choque com o trem.“A luz que fica lá é muito ruim. Ele não viu o trem e bateu”, revela a professora.

 Jaciara Betânia não se conforma com a morte do marido. O bancário Lourival Neto também morreu no cruzamento da BR com a ferrovia.

 “A gente tinha uma vida estável, uma vida de conforto. Meus filhos também. Aí, de repente muda assim de uma hora para outra”, lamenta a dona de casa.

 A Assessoria da Transnordestina informou que são realizadas campanhas educativas nas comunidades para evitar acidentes ao longo da ferrovia.

Fonte:https://imirante.globo.com